segunda-feira, 20 de abril de 2015

Digitálicos

   Os digitálicos, ou glicosídeos cardíacos são muito eficazes na ICC e remodelagem cardíaca desde o século XIX. Naquela época torravam-se sapos que tinham o veneno da digitalis lanata púrpura para tratamento do que era conhecido como 'barriga d'água' ou seja, um equivalente ao que chamamos hoje de abdômen ascítico (que pode ser um dos sinais da ICC). Esses medicamentos hoje em dia são usados para tratamento da taquiarritmia, choque cardiogênico e insuficiência cardíaca congestiva.  

Digitais lanata purpura
   A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) é uma patologia um tanto quanto complicada de se entender e intervir. Inicialmente há uma lesão, que impede o coração de manter seu débito cardíaco normal, a pressão arterial cai por esta ração. Os SNA adrenérgico tenta compensar essa queda de pressão liberando adrenalina e noradrenalina, que por sua vez irão aumentar a força de contração do coração e a resistência vascular periférica, que leva ao aumento da PA. Ocorre a redução do fluxo renal pela liberação de renina e consequente redução do volume urinário, aumentando a volemia, a PA, o retorno venoso, o volume diastólico final e a pressão venosa central.  
   Clinicamente podemos encontrar um paciente pálido, com as veias túrgidas (caso seja no VD), com hipóxia, anasarca (edema generalizado), ascite (barriga d'água), maior resistência vascular, PA elevada e menor débito cardíaco. Caso seja no VE pode desencadear um edema agudo de pulmão. Caso seja no VD, além das veias túrgidas encontraremos hepato-esplenomegalia.
  O corpo, como segundo mecanismo compensatório, para aumentar o débito cardíaco libera angiotensina II e aldosterona, que também fazem, respectivamente, a vasoconstrição e reduz a excreção de sódio. Ocorre a quebra da lei de Frank e Starling, perdendo a ligação de actina e miosina no músculo cardíaco.   
 

   O mecanismo de ação dos digitálicos é inibir a bomba de sódio e potássio no músculo cardíaco, e por esta razão aumenta a entrada dos íons de cálcio neste músculo. Os íons de calcio concentrados no interior da célula dará ao músculo maior força de contração. Esta ação da inibição da bomba de sódio e potássio também ocorre nos nervos simpáticos e reduz sua atividade (liberação de nora e estímulo para adrenalina).
   Em linhas gerais podemos dizer que ele irá aumentar o débito cardíaco, que acionam os barocereptores na aorta que percebem que o débito está bom e emitem um sinal para o simpático reduzir a liberação de suas catecolaminas, há o aumento do fluxo renal, redução da renina e podemos encontrar bradicardia devido o aumento da estimulação vagal (parassimpático).
   Em caso de intoxicação, que causa enjoo, mal-estar, náusea, exotoma cintilante é administrado o antídoto; Digibit (FAB). 
   Os medicamentos que possuem estas ações são: Digoxina, Digitoxina, Deslanosídeo e Obaína.

domingo, 19 de abril de 2015

Anti-hipertensivos

   A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica não transmissível caracterizada pelo aumento da tensão do sangue nos vasos sanguíneos. Em geral, esta doença pode ser encontrada em conjunto com os seguintes fatores de risco: fumo, bebidas alcoólicas, obesidade, estresse cronico, grande quantidade de sal nos alimentos, colesterol elevado, falta de exercícios físicos, diabetes ou relacionado ao fator da hereditariedade. Estima-se que 25% dos brasileiros sofram desta patologia, chegando a mais de 50% após os 60 anos. Por esta razão é importante que o enfermeiro conheça os medicamentos que podem ser usados nos diversos casos de hipertensão.
   Os anti-hipertensivos reduzem a pressão arterial a valores normais. Observe a relação abaixo para compreender os tipos de hipertensão.
Pré-Hipertenso     Sistólica: 81-89     Diastólica: 121-139
Estágio 1     Sistólica: 90-99     Diastólica: 140-159
Estágio 2     Sistólica: 100 ou mais     Diastólica: 160 ou mais

Diuréticos

   A furosemida é usada amplamente em conjunto com outros medicamentos redutores da pressão arterial com o intuito de reduzir a resistência vascular periférica, por promover a eliminação de líquidos. Para maiores informações clique AQUI .

Beta- Bloqueadores

   São a primeira linha de medicamentos anti-hipertensivos por reduzirem o débito cardíaco ao se ligarem nos receptores B1 cardíacos bloqueando sua estimulação simpática. Se dividem em Seletivos e Não-Seletivos. 
   Os b-Bloqueadores seletivos vão agir apenas nos receptores B1. São eles: Atenolol, acebutolol, metoprolol.
  Os b- Bloqueadores não seletivos irão agir tanto em receptores B1 quanto em receptores B2, por esta razão o uso desta família a asmáticos não é recomendada. Propanolol, pindolol, nadolol, carvedilol.
   São medicamentos usados para hipertensão ainda no estágio 1 e infarto não é aconselhado para grávidas.

Alfa-Bloqueadores

   Bloqueia não seletivamente os receptores alfa, promovendo a vasodilatação e dilatando a via urinária, ou seja, promove redução da resistência vascular e do débito cardíaco. Pode causar hipotensão ortostática, edema, taquicardia reflexa e rash cutâneo. É importante ressaltar que esta classe (principalmente prasozina e doxasozina) pode levar a problemas na sexualidade masculina, por esta razão não é bem aceito por este público em geral.
   São eles: Prasozina, Doxasozina, fentolamina, fenobenzamina, tansolozina.

Alfa2- Agonistas

   Tratam-se de agonistas do receptor simpático alfa 2, que irá reduzir noradrenalina e dopamina na fenda sináptica, reduzindo a ativação de receptores alfa 1, que vão realizar a vasoconstrição periférica.
   Estes medicamentos dão sono, levam a vasodilatação, bradicardia, reduz a potência sexual, aumenta a oferta sanguínea para o tecido, reduz a pressão arterial sistêmica, reduz o débito cardíaco.

Nitratos e Nitritos

   Possuem meia vida curta e são amplamente usados em emergências hipertensivas, usados em dripping constante, se o medicamento parar de fluir a vasodilatação cessa. Para informações sobre mecanismo de ação e mais peculiaridades clique AQUI . Este medicamento reduz o débito cardíaco por ser  um potente vasodilatação. É importante citar que a utilização deste medicamento é feita intra-hospitalar para crises e em último recuso terapêutico para hipertensão refratária.
   Um exemplo é o Nitroprussiato de Sódio. 

Bloqueador de Canal de Cálcio

   Impede a entrada do cálcio no músculo, reduzindo a contração e excitabilidade cardíaca. É uma classe muito eficiente que causa grave hipotensão se usada indiscriminadamente. Pode levar a rash cutâneo, cefaleia, congestão nasal e edema.Um efeito curioso é o aumento da gengiva em uso prolongado, uma condição conhecida como hiperplasia gengival medicamentosa. Além disto, é teratogênico e está relacionada a câncer oral (quando administrado sublingual) e intestinal (quando administrado via oral).
   Os medicamentos desta família são:Nifedipina, anlodipina e ninodipina.

Hiperplasia gengival medicamentosa

Sistema Renina-Angiotensina

   Renina é produzida pela justa glomerular no rim e é responsável pela conversão de angiotensinogênio em angiotensina I, que sofre ação da enzima dipetidilcarboximetilpetidase (a enzima conversora de angiotensina, ou ECA) formando a angiotensina II (causa vasoconstrição), que por sua vez tem receptores na glândula supra-renal e esta ação estimula a liberação da aldosterona (que reabsorve sódio e elimina potássio), causando um aumento da P.A por aumento na resistência vascular periférica . 
  Estes medicamentos irão agir inibindo a ECA, impedindo a finalização do sistema renina-angiotensina. Causa vasodilatação e pequeno efeito diurético, não altera a função sexual, mas é teratogênico. Pode causar rush cutâneo, cefaléia, hipotensão ortostática, taquicardia (inibida por beta bloqueador), congestão nasal, edema, tosse seca (devido ao aumento da bradicinina, e consequente aumento de oxido nítrico no bulbo.)
   Os medicamentos deste grupo são: Captopril, enalapril, lisinopril e ramipril.

Antagonistas da Angiotensina II

  Atuam como antagonistas da angiotensina II na glândula supra renal. Possui os mesmos efeitos que os inibidores da ECA, porém sem a tosse seca. São usados para pessoas resistentes aos inibidores da ECA, ou seja, quando o corpo cria uma via alternativa para a formação de angiotensina II sem utilizar a enzima clássica.
  Os medicamentos que se encaixam aqui são: Losartana, valsartana, candesartana, telmisartana

É sempre bom saber para não errar na hora de aferir a pressão do seu paciente. Vamos garantir a exatidão dos nossos resultados e otimizar nosso trabalho